sábado, janeiro 28, 2006

prostituicao

Vou comecar hoje com um assunto super polêmico,mas que faz parte da vida de muitas famílias...
Prostituicão!!!
A revista Época dessa semana fala em torno desse assunto.

Essa é uma parte da matéria...

"Bruna era uma típica menina da classe média paulistana. Estudou em alguns dos melhores colégios da capital, como Bandeirantes e São Luís. De manhã, aulas. À tarde, academia. À noite, horas vendo MTV. Inglês duas vezes por semana. Shopping aos sábados e domingos. Brigas com os pais. Várias. Até que, um dia, a coisa degringolou. Começou a se drogar, roubava dinheiro e jóias da mãe, saiu de casa e foi vender o corpo. Quando veio à tona a história de Bruna Surfistinha - codinome que Raquel Pacheco adotou ao se prostituir -, pais e mães arregalaram os olhos: "E se minha filha virar garota de programa?".

Trata-se de um enredo - e de um temor - cada vez mais comum na classe média das grandes cidades. Impacientes diante da dificuldade de seguir uma carreira convencional, cada vez mais garotas com um histórico familiar e escolar de elite optam pela prostituição. Na década de 90, havia um único prostíbulo de alto luxo em São Paulo. Hoje já há quase 15, por onde circulam 2 mil garotas de origem social não muito distante da dos clientes. Meninas bem-criadas de São Paulo, Rio de Janeiro e Estados do Sul costumam acorrer a Brasília em busca de faturamento alto e baixo risco de topar com conhecidos. Algumas pegam avião na terça-feira e passam a semana legislativa na capital federal, atendendo políticos e empresários. Ficaram famosos os casos da atriz Marilyn Monroe, que fazia programas no início da carreira, de Heidi Fleiss, a Madame Hollywood, suspeita de manter uma lista de clientes célebres nos anos 90, e da agenciadora Jeany Mary Córner, acusada de abastecer políticos durante o escândalo do mensalão. A eclosão de Bruna Surfistinha no noticiário apenas tirou o véu que encobria uma realidade normalmente varrida para debaixo do tapete. "Ela não foi para a TV afirmar que era prostituta para sustentar os filhos, nem porque morria de fome", diz Elisiane Pasini, antropóloga da Unicamp que há dez anos estuda a prostituição. "Escolheu ser prostituta. Isso assusta as pessoas." Para a antropóloga Mirian Goldenberg, o fenômeno também teve um efeito liberador. "Uma menina de 21 anos vem a público e diz que transou com mais de mil, de todas as formas, e que além de tudo sentiu prazer", diz. "As mulheres podem não querer fazer igual, mas se sentem mais livres."

No passado, a mulher que vendia o corpo justificava o ato pela necessidade de sobreviver. Hoje, quer consumir grifes e bebidas caras, circular pelo mundo do glamour. Nas maiores capitais do país, as casas mais badaladas atraem a clientela com garotas de programa de nível universitário. A história é quase sempre a mesma. Meninas de classe média que não querem mais viver com os pais ou depender deles são levadas por uma amiga para o mundo da prostituição. Em poucas semanas, descobrem que podem ganhar num dia o triplo que ganhariam em um mês. Numa casa onde se concentram prostitutas de luxo como o Bahamas, em São Paulo, o programa não sai por menos de R$ 300. O mais comum é que se cobre R$ 700. Estima-se que, apenas nas casas mais badaladas da capital paulista, as meninas faturem até R$ 20 mil no mês. As que já tiveram seus corpos estampados em revistas masculinas e fizeram pontas em TV cobram mais caro. Um jovem empresário carioca de 29 anos afirma ter pago R$ 6 mil por um programa com uma cobiçada apresentadora de programa esportivo. "Ela ainda nem tinha saído na Playboy", diz. A noitada, segundo o empresário, foi um fiasco. "Absolutamente impessoal e mecânica", afirma

*2 mil
garotas trabalham em prostíbulos de luxo em São Paulo
*70%
foi o aumento da participação de adolescentes de classe média na prostituição nos EUA
*R$700
é o preço médio de um programa com uma prostituta de alto nível


Hoje vou postar um dos depoimentos de algumas garotas de programa.E durante a semana,vou postando os outros...


Alana, 20 anos, prostituta há seis meses no Rio de Janeiro, cobra R$ 400 e faz cerca de quatro programas por dia, de uma hora cada.

"Comecei a fazer programa há seis meses. Antes, eu trabalhava como babá e no meu último emprego ganhava R$ 400 por mês. Hoje, ganho R$ 1.600 por dia. Estava desempregada há mais ou menos um ano e lendo os classificados de emprego acabei parando na parte de garotas de programa. Vi que elas ganhavam em uma hora o que eu levava um mês para receber, aturando patrão. Procurei uma agência, fui entrevistada e no mesmo dia comecei a trabalhar. O primeiro homem já estava lá me esperando, um coroa que devia ter uns 50 anos. A dona fez questão de dizer que era a minha estréia em programa. Deu nojo, queria que acabasse logo. Faço programas principalmente na Barra da Tijuca (bairro nobre do Rio). Geralmente os homens, em sua maioria casados, marcam em motéis, poucos são em casa. Quando eu comecei tinha namorado, mas com o tempo fui tomando nojo de homem. Eles são todos iguais: traem as mulheres. Tem cara que chega no motel e liga para a mulher todo cheio de amorzinho. Dizem que sair com prostituta não é traição, mas eu acho que é. Sempre que eu saio para um programa eu sinto uma angústia, um medo de não voltar mais, de encontrar alguém violento, que não queira pagar. Antes eu trabalhava com agência, mas agora faço tudo sozinha, me exponho mais. Não tive muita chance na vida, fiz o Segundo Grau, mas quero mudar. Não sei bem o que eu quero da vida, mas o que eu não quero eu sei: não quero continuar fazendo programa. Tenho clientes fixos, que aparecem toda semana, com a mesma história. Já recebi propostas de casamento, mas eu não aceito, porque eu sei que o cara vai se casar comigo numa semana e na outra estará na cama com prostituta. Já ganhei uma moto de um cliente, que eu vendi. Em pouco tempo, eu consegui pagar todas as minhas contas e comprar computador, roupa, celular da moda, tudo. O difícil de largar essa vida é se conformar em trabalhar depois para ganhar uma mixaria. Minha mãe sabe o que eu faço, só ela. Eu tive uma briga com uma das meninas da agência e ela de vingança ligou para a minha mãe e contou tudo. Minha mãe é evangélica, conservadora, mas ententeu o meu lado. Ela sabe que não gosto mas já viu que por enquanto não tem jeito. Uma coisa estranha que aconteceu é que hoje eu perdi a vontade de fazer sexo. Não tenho mesmo. Acho que é mentira de quem diz que gosta, mas a gente finge para o cliente ficar satisfeito. Não tem como você gostar de uma coisa que envolve dinheiro, você sabe que está se vendendo. De vez em quando eu fico deprimida e aí vou ao shopping e compro algumas coisas para esquecer. Vestido de roupa de marca de R$ 400 e penso: isso só me custou uma hora de trabalho. Meu sonho é andar pela rua como uma pessoa normal, saber que eu sou normal, que eu trabalho em algo normal. Hoje em dia, quando eu ando por aí, eu fico pensando que as pessoas olham para mim e pensam: essa mulher é prostituta. Me visto normalmente, sou discreta, até porque às vezes eu tenho que ir à casa dos clientes. Mas, para mim, está escrito na minha testa: sou prostituta."

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